Reggae a Sudoeste


A música no Coração já avançou com dois grandes nomes para o cartaz do Festival Sudoeste 2007 que realiza-se a 2, 3, 4 e 5 de Agosto, no local habitual, a Zambujeira do Mar. Steel Pulse, banda que é um marco na história do reggae e Tiken Jah Fakoly, que era uma das promessas africanas e agora é já uma certeza dentro do movimento, vão estar no Alentejo e subir ao palco mais positivo do evento, o palco Positive Vibes. Deixamos uma pequena biografia dos artistas para "aguçar o apetite".

Steel Pulse
São uma das instituições do reggae britânico. Instituição não no sentido de cinzentismo instalado, mas de uma referência ética e racial. Fundados em 1975, em Birmingham, por filhos de famílias pobres imigrantes das Caraíbas, os Steel Pulse, liderados pelo vocalista e guitarrista David Hinds, habituaram-se desde cedo a remar contra a maré. Sem experiência musical e sem permissão para actuar nas salas para jamaicanos no Reino Unido devido às suas firmes convicções rastafarianas, passaram anos a acompanhar bandas punk como os Clash ou Stranglers. Ao longo de três décadas de carreira, mantiveram sempre os pés bem firmes no roots reggae de matriz marleyana, se bem que tenham também incluído pequenos toques de modernidade via o dance hall. Continuam a ser uma máquina bem oleada e certa nas suas convicções (educar as massas, combater as injustiças, lembrar heróis como Martin Luther King ou Nelson Mandela). E não se ficam pelas palavras: em 1991, o single "Taxi Driver" acompanhou uma acção colocada nos tribunais de Nova Iorque contra a companhia de táxis da cidade, cujos condutores eram acusados pelos Steel Pulse de discriminar os negros e especialmente os rastafarianos.

Tiken Jah Fakoly
É um guerreiro. Forte, alto, poderoso, carrega consigo diferentes responsabilidades. Primeiro, a continuação da divulgação do reggae na África Ocidental. Depois, manter a língua francesa bem dentro do género nascido na Jamaica, na senda do seu antecessor Alpha Blondy. Por fim, denunciar os tantos, tantos problemas que assolam o seu país, a Costa do Marfim. Para centenas de milhares de jovens marfinenses desalojados pela guerra civil, Tiken Jah Fakoly é um herói, uma voz a seguir. Proveniente de uma família guerreira com raízes no grande império mandinga, Tiken é um advogado do povo, que vê engrossar os conflitos étnicos e religiosos e a corrupção. Advoga sobre um reggae claramente jamaicano – com colaboração da dupla Sly & Robbie no álbum «Francafrique» e gravação do último «Cours d’histoire» no lendário estúdio Tuff Gong de Kingston – mas com um hipnotismo vocal bem africano. Diz com tristeza que quanto mais o seu país se afunda mais ele é popular. Mas não deixará de cantar até a sina da Costa do Marfim se alterar.